note
| - Reconhecida a quase generalidade da origem oriental dos contos populares, pelas fontes donde provieram e pelas adaptações que receberam, melhor se poderão seguir as transformações desse elemento tradicional através dos meios sociais e épocas históricas por que passaram modificando-se, e deduzir das suas transformações como actuaram na revelação dos génios literários, elevando as línguas vulgares nacionais à expressão estética. Escreveu Gaston Paris sobre este complexo problema: «Penetrando sucessivamente em meios bem diferentes daqueles em que foram inventados, os contos orientais sofreram naturalmente certas transformações, que por vezes os melhoraram e na maior parte das vezes estragaram-os não sendo bastante importantes, porque a crítica aproximando-as com arte todas as variantes que haja coligido, chegue quase sempre a reduzir as formas ocidentais à sua origem asiática, e possa seguir os estádios destas narrativas emigrantes através dos séculos e das nações.» (La Poésie du Moyen-Age, pág. 752.) Até aqui chega o simples processo folclórico; há mais que avançar, para a morfologia literária apartando dos elementos lendários de criação anónima, elementos que variam indefinidamente, umas vezes abreviando-se em um laconismo claro e lógico, outras prolongando-se pelo interesse da narrativa por episódios sincreticamente agrupados. Por este conjunto cíclico, um mesmo conto reveste formas diversas pelos seus episódios, tomando-se fácil a sua transmigração e adaptação em diferentes meios e épocas sociais ou históricas
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